quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AVALIAÇÃO DA PROPOSTA ARTÍSTICO-PEDAGÓGICO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG – UAB1
Faculdade de Artes Visuais
Licenciatura em Artes Visuais – EaD
Pólo Aparecida de Goiânia
Disciplina: Estágio Supervisionado III
Professora/orientadora: Raquel Mello

Aluna: Vilma Aparecida da Silva
Data: 02/12/2010

AVALIAÇÃO DA PROPOSTA ARTÍSTICA PEDAGÓGICA EM ARTES VISUAIS NA ESCOLA MUNICIPAL JARDIM BELA VISTA
Projeto: Identidade e Memória

A porta de entrada foi resultado de um longo percurso e muitas respostas negativas, provocando decepções, percepções e olhares diferentes sobre a cidade educadora, num processo de desconstrução da imagem idealizada para uma visão mais aguçada e holística das possíveis portas de entrada, buscando outros caminhos para intervenção numa cidade de infinitas possibilidades do fazer artístico.
A idéia de realizar o trabalho enfatizando a memória surgiu a partir da leitura do material da disciplina, onde cita o exemplo da Escola, Museu, Comunidade (Disciplina Estágio Supervisionado III, páginas 66 e 67), trabalho desenvolvido pelo grupo de estagiárias: Daniela Garcia de Oliveira Flores, Juliana Salvador Coelho, Maria Lina de Oliveira Fernandes e Sonia Martins Lemes Moura numa triangulação entre os espaços do Museu Antropológico, a escola Sam Damiano e a comunidade em geral; outro exemplo que me chamou muita a atenção foi o trabalho desenvolvido pela professora Noeli B. dos Santos - Comunidade SPL: Espaço do Artista e da Escola
Iniciei meu trajeto percorrendo pelos lugares conhecidos a procura de um local que pudesse servir como porta de entrada. A minha primeira idéia foi de trabalhar com arte/memória num posto de saúde do bairro onde resido, mas percebi que meu objetivo não seria tão bem desenvolvido quanto pretendia, posteriormente, tentei desenvolver a proposta na Associação de Moradores do meu bairro, entretanto, percebi que a proposta não foi atrativa aos olhares do público. Foi aí então, que surgiu a idéia de desenvolver a proposta na escola em que trabalho devido a grande quantidade de alunos que depredam e não valoriza a escola como espaço educativo e patrimônio histórico e ignoram a memória como parte essencial no desenvolvimento humano e na formação da identidade cultural.
A partir da porta de entrada definida, faltava ainda encontrar um artista que se enquadrava na proposta artística pedagógica que envolve além da memória e a valorização do patrimônio público, a participação do público alvo, numa integração entre arte e espectador. Após várias leituras sobre as linguagens artísticas encontrei no happening e seu idealizador Allan Kaprow, elementos das artes visuais como a participação ativa do público na realização da obra. A arte através da utilização do grafite também despertou meu interesse, pois, seria uma forma de possibilitar aos alunos participarem do processo artístico.
Durante a investigação etnográfica, percebia que os educandos viam a escola como algo depreciativo, imposta pelos pais para uma aprendizagem, muitas vezes, descontextualizada da sua realidade, gerando falta de interesse e valorização desta, como espaço de formação da identidade histórico-cultural.
As atividades desenvolvidas tinham como objetivo despertar o interesse e o sentimento de fazer parte e não estar à parte do processo da aprendizagem significativa na construção da memória e sua identidade, evidenciando a importância valorização desta e do Patrimônio Público e percebendo-se como parte deste contexto.
O desenvolvimento da oficina significou para os educandos, a inclusão e a integração social destes, no espaço escolar, deixando de ser meramente físico “concreto”, para se tornar um ambiente vivo da memória, ultrapassando as limitações espaciais, passando a fazer parte da história de cada um e ao mesmo tempo sendo parte integrante da história da escola.
A intervenção artístico-pedagógica foi dividida em 3 momentos: 1º -Entrevista com moradores antigos e ex-alunos ( que de acordo com as orientações da professora Rogéria limitou-se a 1 morador e 1 ex-aluno), 2º - Realização da palestra e apresentação do vídeo abordando aspectos históricos da escola, 3º - Escrita nos muros da escola pela moradora, ex-aluna com a frase: Eu fiz parte desta história e alunos atuais da escola: Eu faço parte desta história e assinatura de todos os participantes da oficina.
A realização da oficina foi muito produtiva gerando muita euforia por parte dos participantes (moradora, ex-aluna e alunos atuais), em especial pelo aluno com necessidades especiais, interagindo de forma satisfatória com os colegas, ficando evidente, que suas limitações não o impediu de participar ativamente de todo o processo. As imagens coletadas junto aos moradores e as fotografadas no momento da ação artístico-pedagógica resultaram na produção de um vídeo que será apresentado no encontro presencial.
Considero ter alcançado os objetivos traçados na proposta artístico-pedagógica em Artes Visuais, pois o trabalho foi muito elogiado pela equipe escolar, bem como pelos pais e comunidade em torno da escola, que visualizaram o resultado da ação. No final percebi o quanto o trabalho do arte-educador é relevante no processo integral de desenvolvimento dos alunos, na valorização e preservação da memória e na construção da identidade histórico-social. As crianças sentiram-se parte do processo e passaram a valorizar mais o patrimônio público e a memória tanto da escola como delas mesmas.

domingo, 28 de novembro de 2010

PROPOSTA ARTÍSTICO-PEDAGÓGICA

1 – OBJETIVO GERAL
Desenvolver uma proposta artística pedagógica de construção da identidade histórico-cultural da escola Jardim Bela Vista em Aparecida de Goiânia.

1.1 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar os moradores mais antigos do bairro;
Levantar os aspectos históricos da escola;
Resgatar junto aos alunos da escola a história da escola;
Conscientizar os alunos da importância da preservação histórico-social na construção da identidade cultural;
Expressar os dados levantados em forma de arte nos muros da escola.
Realizar uma mostra pedagógica para divulgação dos trabalhos desenvolvidos.

II – JUSTIFICATIVA

Nos dias atuais pouco se conhece sobre o patrimônio histórico-cultural da região onde se reside, sendo, portanto, pouco valorizado e muitas vezes destruído e depredado. Apesar de ser trabalhada a importância do patrimônio histórico-cultural nas escolas, não contribui de forma significativa na vida cotidiana dos educandos para construção da consciência cidadã.
Segundo Fabíola Batistin( para que haja diálogo com o patrimônio faz-se necessário que este traga contribuições para nossa de hoje, além de ser capaz de ampliar nossas concepções de vida.
Para Amaral (1997, p.193)

O olhar cotidiano, fragmentado, superficial descontínuo característico da contemporaneidade, prioriza a velocidade, a mobilidade, é seletivo mas não reflexivo. A experiência provoca percepção, ver em profundidade, estimula um olhar cuidadoso apreciativo, crítico e criador.

Mírian Sepúlveda ressalta que, os projetos pedagógicos que visem o incentivo de alunos cidadãos dentro do espaço urbano da cidade contribuem e estimulam para um maior conhecimento crítico e apropriação consciente por parte das comunidades e indivíduos do seu “patrimônio” são fatores indispensáveis no processo de preservação e valorização sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania.
Partindo dessas concepções, é relevante o levantamento histórico da escola Municipal Jardim Bela Vista a partir dos depoimentos dos moradores antigos e de ex-alunos para que haja uma melhor compreensão da importância da escola como espaço pedagógico, multicultural e comunitário, ou seja, a história construída a partir das próprias vivências e depoimentos de quem realmente a conhece na prática e experimentou a construção da identidade cultural e histórica da instituição, como também provocar reflexões nos educandos sobre a importância de conhecer para melhor preservar e valorizar como parte da memória histórico-cultural na construção da cidadania.

Para realização da proposta pedagógica inspirei-me no happening (evento coletivo proposto por um artista ou um grupo de artistas, mas que deve ser realizado pelo público) tendo como principal executor e divulgador Allan Kaprow e, no Brasil, a maior promotora do happening nas décadas de 1960 e 1970, foi Ligia Clark.
A porta de entrada foi escolhida devido à relevância da construção da memória cultural e histórica desde a infância, para que esta resulte em uma cidadania mais consciente e plena com respeito à história como parte da própria identidade histórico-cultural, numa sociedade que é construída a cada dia.
A viabilização do trabalho será garantida pela pesquisadora contando com o apoio da equipe diretiva e escolar e também da colaboração dos moradores e ex- alunos da escola.
III – CRONOGRAMA

ETAPAS PERÍODO AÇÃO OBJETIVO INTERLOCUTORES
Primeiros contatos Agosto/
Setembro Primeiros contatos com a equipe diretiva Requerer autorização da equipe diretiva para realização do projeto
Equipe Diretiva da Esc. M. Jardim Bela Vista
Planejamento inicial Setembro Levantamento dos aspectos históricos da escola Levantar os aspectos históricos da escola Associação de moradores
Negociações
Setembro Apresentação do projeto para obtenção de autorização da Direção da escola Apresentar o projeto para obtenção de autorização para realização das oficinas Equipe diretiva
Elaboração do projeto Outubro Elaboração do projeto a partir de construção da memória histórica da escola Elaborar o projeto de intervenção artística na instituição Moradores e ex-alunos
Realização
Outubro/Novembro 1º momento: Entrevista com os moradores e ex-alunos;
2º momento: Realização da palestra aos alunos com apresentação de um trailer que será produzido a partir das imagens selecionadas nas entrevistas;
3º momento: Escrita nos muros pelos moradores, ex-alunos e alunos atuais da escola. Realizar a oficina artístico- pedagógica com a participação de moradores, ex-alunos e alunos atuais nos muros da escola 1 morador e 1ex-aluno,alunos atuais e equipe escolar
Avaliação
Novembro Avaliação dos dados obtidos com a realização do projeto Análise reflexiva dos resultados do projeto

IV – METODOLOGIA

O projeto será realizado através de estudo qualitativo. Será levantada a história da escola a partir dos moradores mais antigos, procurando levantar aspectos relevantes sobre a construção da instituição, os idealizadores, entre outros fatores históricos importantes que contribuíram para sua efetivação.
A pesquisa será realizada em três momentos: 1º - Entrevista com moradores e ex-alunos e resgate dos registros fotográficos, 2º - Palestras destes (1 morador e 1 ex-aluno) aos atuais alunos e apresentação de um trailer com imagens da memória da escola, 3º - escrita nos muros da escola pelos palestrantes com o slogan: Eu fiz parte desta história com assinatura dos mesmos e escritos dos atuais alunos nos muros da escola com o slogan: Eu faço parte desta história com o nome de cada um. Em seguida será realizado um momento de reflexão do papel de cada um na valorização e preservação deste espaço de construção pedagógica e aquisição de conhecimento como patrimônio histórico cultural e social dos moradores do bairro.
Para escrita nos muros será utilizado como intervenção artística, o grafite, onde será distribuído o material (sprays) aos palestrantes e aos alunos para o registro de suas assinaturas.
O trabalho será apresentado também aos pais dos alunos e à comunidade numa mostra pedagógica que será realizada posteriormente.

V – MODOS DE INTEGRAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA

A proposta artístico-pedagógica têm como eixo principal resgatar a memória da Escola Jardim Bela Vista através de relatos e imagens. Segundo Selma Ferro, lembranças registradas, histórias revisitadas, partes de memórias ganham vida não apenas em nossa cabeça, mas em todo o nosso ser. A lembrança é a sobrevivência do passado. O passado, conservando-se no espírito de cada ser humano, aflora à consciência na forma de imagens-lembrança (Bosi,1987, p.15)
O Projeto tem seu desenvolvimento baseado no happening, criado no fim dos anos 1950 pelo americano Allan Kaprow para designar uma forma de arte que combina artes visuais e um teatro sui generis, sem texto, nem representação. O happening ocorre em tempo real, como o teatro e a ópera, mas recusa as convenções artísticas. Não há enredo, apenas palavras sem sentido literal, assim como não há separação entre o público e o espetáculo. Do mesmo modo, os "atores" não são profissionais, mas pessoas comuns.
O happening é gerado na ação e, como tal, não pode ser reproduzido. Seu modelo primeiro são as rotinas e, com isso, ele borra deliberadamente as fronteiras entre arte e vida. Nos termos de Kaprow: "Temas, materiais, ações, e associações que eles evocam devem ser retirados de qualquer lugar menos das artes, seus derivados e meios". O artista propõe uma "nova arte concreta", no lugar da antiga arte concreta abstrata, enraizada na experiência, na prática e na vida ordinária, matérias-primas do fazer artístico. De acordo com Kaprow, os happenings são um desdobramento das assemblages e da arte ambiental, mas ultrapassa-as pela introdução do movimento e por seu caráter de síntese, espécie de arte total em que se encontram reunidas diferentes modalidades artísticas - pintura, dança, teatro, música. A filosofia de John Dewey, sobretudo suas reflexões sobre arte e experiência, o zen-budismo, o trabalho experimental do músico John Cage, assim como o action painting do pintor americano Jackson Pollock são matrizes fundamentais para a concepção de happening. 1

Para realização do projeto, primeiramente, será explicitado para os alunos a importância da valorização do patrimônio através da palestra e da apresentação do trailer sobre a história da escola, em seguida o público (os alunos) será convidado a registrar seus nomes nos muros da escola como parte da história desta utilizando como arte o grafite (uma forma de manifestação artística em espaços públicos, o grafite é um tipo de inscrição feita em paredes por jovens para deixar suas marcas nas paredes da cidade), numa simbiose entre identidade e memória.

1www.itaucultural.org.br/...ic/index.cfm?.
VI – AVALIAÇÃO
A avaliação ocorrerá a partir da reflexão dos resultados obtidos com a realização do projeto. Será elaborado um relatório sendo postado juntamente com o trailer no blog.
VII – BIBLIOGRAFIA

• ALVES, Nilda; SGARBI, Paulo (orgs.) – Espaços e imagens na escola- Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
• SANTOS,Mirian Sepúlveda; CHAGAS, Mário de Souza – Museus, Coleções e Patrimônios: Narrativas polifônicas. Rio de Janeiro: Garamond, Minc/ Iphan/ Demu,2007.
• Licenciatura em Artes Visuais: módulo 7/ Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Artes Visuais – Goiânia: FUNAPE, 2010.

Sites consultados:
• www.brasilescola.com › Artes
• www.itaucultural.org.br/...ic/index.cfm?.
• www.infoescola.com/artes/happening/

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Poética da cidade educadora

POÉTICA DA CIDADE
( Por Vilma Aparecida da Silva)


Pelas ruas da cidade
Vou descobrindo caminhos
Despercebidos ou ocultos
Em nossa realidade

Vou a busca de possibilidades
E diferentes experiências
Num momento de reflexão sobre suas diferenças
E diversas verdades

A cidade nos desafia
A desconstruir o que parece pronto
E encontrar poesia
Mesmo diante do confronto

Ao reconhecer a cidade como um espaço multicultural
Me integro como sujeito participativo
Na construção de um identidade cultural
Como cidadão reflexivo.